sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Desenvolvendo pessoas


Estive estes dois dias em uma comunidade pesqueira nas bordas do lago de Sobradinho fazendo um trabalho de coleta de informações para gerar material de promoção dos seus produtos, no caso, peixe. Nada de novidade até ai, a não ser o fato de um designer se deslocar quase 800km para pegar um briefing. Mas me dei conta de que são nestes recantos que se encontram a base do nosso consumo, ou seja, são nestes locais que se produzem alguns dos produtos que consumimos ao irmos em restaurantes chiques nos centros urbanos que frequentamos, e onde o design pode ser percebido na sua forma mais palpável: móveis, marcas, rótulos, branding.
Conversando com Aristides, presidente da associação de pescadores, sobre onde seu produto seria consumidor, vi um bom senso produtivo e um conhecimento de seu mercado não visto em empresários de grandes indústrias cuja visão financista impede de ver possibilidades novas.
Antes de retornar à minha zona de conforto da empresa, comecei a pensar no que posso fazer como cidadão para contribuir para que pessoas possam ter uma vida mais digna, já que o dinheiro está vindo através dos cartões verde e amarelo distribuidos nas casa lotéricas e nas agências bancárias. E vi que a única ferramenta que disponho é o design e o parco conhecimento de acesso à mercado.
Somados um com o outro, ou seja, produto com acesso a mercado, temos... geração de renda.
Conclamo aos meus colegas da área de design que comecem a ver além da janela, além dos prédios, além da rodoviária, e de preferência além do mapa. Olhem para locais que nem pensamos em existir, que dirá existir produtos que podem ser consumidos, e consequentemente precisam desta preciosa ferramenta para competir de igual para igual com os grandes brand produtcs.
Nestes recantos podemos utilizar ferramentas e metodologias de ´última geração´. O branding pode ser aplicado na construção de uma imagem completa, não só de produto mas de território. As estratégias de acesso a mercado são pensadas não com um foco ou no curto prazo, mas com diversos vieses e no curto, médio e longo prazo já que envolve não só reação do mercado mas o desenvolvimento da base produtiva.
Como é no design que domino que posso contribuir, é nele que me sustentarei para atuar com retorno mais rápido e concreto para estas comunidades. E também na pulverização deste foco de atuação. Como é o caso aqui.
Design é uma ferramenta nova, vista sempre como agregadora de valor e não como construtora de valor. Mas ela deve ser vista também como ferramenta desenvolvedora (?) de territórios, de comunidades, de pessoas.

domingo, 25 de julho de 2010

Foco no processo ou na solução?

Devemos começar a tirar o peso negativo do conceito de mercado utilizado nas soluções de sustentaibilidade aplicadas à sociedade. O mercado está já fazendo parte da vida de todos, e o consumismo já não é um mal urbano, e é tanto compreendido como praticado nos diversos confins do nosso pais, sem nos darmos conta.
O que precisamos é pensar o consumo cosnciente (sem aspas pois não considero um termo, mas sim uma ação), e o mercado entender que o Justo não é um diferencial dificil de ser praticado, mas um segmento a ser potencializado e satisfeito.
O dinheiro não é ´sujo´. O lucro não é ´promiscuo´. Sustentabilidade não é só ambiental.
Devemos lembrar que grupos produtivos precisam autosustentar-se, e para isso, relacionarem-se com diversos segmentos de mercado. Com consciência de quem são e do que querem, para não serem ai subjulgados pelos representantes do mercado (aqui sim com aspas!) ´capitalista´.

domingo, 21 de março de 2010

´Arte Popular conquista novo status´*

Em recente artigo da Folha de São Paulo (* Folha, 14/03/2010), entitulado Arte Popular conquista novo status, podemos ver um exemplo que como a máquina econômica pode funcionar favorecendo projetos de inclusão social, no caso aqui a máquina do mercado das artes, calçado por seus representantes, os críticos e galeristas. Não que ali expressos exemplos disto.
O fato é que o mercado artístico está começando a reconhecer a arte popular como detentora não só de valor artístico, mas também de valores finaceiros além dos de ´chão de feira´. Como arte popular, na visão do artigo, possui produção não repetitiva, o artesanato não se aplica nesta valorização. Ainda não.
Na minha opinião, este processo de valorização financeira de peças de origem popular pode ser utilizado em favor da produção artesanal e agro-artesanal, na região nordeste, em especial. É aqui que encontramos a maior quantidade de representações de produtos com identidade cultural aplicada no Brasil. E é aqui que podemos atrair estes novos olhares, interligando ações com o turismo e os demais segmentos da economia criativa.
Aproveitemos este momento para tirar partido da atenção dada a estas representações da arte popular, e do artesanato popular. Ponhamos-os o real valor que possuem e coloquemos-os na prateleira que merecem.