quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Discussões sobre sustentabilidade

Fazendo uma avaliação pessoal do I Coloquio de Design Social e Sustentabilidade, pude notar como há uma carência de momentos para nos ouvirmos, nós envolvidos com projetos de desenvolvimento social e design. Vejo que há muita boa intenção e bons interesses, e que parto do principio de serem autênticos e sinceros, mas que estas intenções se valem de aspectos teóricos de diversas vertentes, e que às vezes estes se chocam nos preciosismos semânticos, cuja falta de interlocuções interdisciplinares criam visões restritas.
O que eu realmente acho é que estamos deixando de olhar a ponta, seja a ponta interna, o beneficiário das ações de desenvolvimento social, ou seja a comunidade, seja a ponta externa, os (possíveis) interessados nos resultados/produtos deste desenvolvimento, ou seja, a comunidade. Entes distantes em uma esfera econômica, mas que fazem parte da mesma esfera globalizada.
Acho, sim, que é possível termos desenvolvimento social com um olhar voltado para o mercado de massa, senão for assim, como poderemos concorrer com a China e a Índia, ou mesmo mais próximo, com o Paraguai. Como poderíamos manter uma estrutura de comercialização, ou criar uma base de negócios que visem escoar a produção social, sem que haja um mercado conscientemente formado. Ou mais, como criar este mercado consciente, que concorre com o esfomeado mercado de massa, sem utilizar das mesmas armas.
Em recente depoimento de uma proprietária de loja que vende produtos culturais, se houveram duas palavras positivas com relação a este mercado, foi muito. Estruturas de comercialização de produtos sociais financiadas pelo dinheiro público existem várias, e subsistem imagino não pelo seu objetivo fim (comercialização, entrega de um bem a alguém que o deseja), mas pelo seu objetivo meio (apoiar desenvolvimento sócio-econômico). E ai me volta a pergunta: isto é sustentabilidade? Ou sustentabilidade seria termos em um mesmo patamar de concorrência uma Fanta produzido em Limeira (SP) e um Suco de Goiaba produzido no assentamento de Arataca (BA), possibilitando ao consumidor opções de escolha livres e democráticas.
Espero poder aprender como é possível criar este mercado consumidor consciente, sem que haja um apadrinhamento institucional, coisa que acredito não ser benéfica quando ocorrência continua, criando este mercado consciente e justo que só leio hoje em manuais e reportagens sobre iniciativas, mas que no dia a dia ainda está meio nebuloso para minha vista.